Uma deformidade do joelho consiste habitualmente em ter o joelho arqueado para fora (joelho varo) ou para dentro (Joelho valgo). O joelho apresenta dois compartimentos para receber as cargas durante a marcha. O do lado de dentro (medial) e o do lado de fora (lateral). O ideal é que essas cargas sejam distribuídas de modo uniforme pelos dois compartimentos. Mesmo algum desvio do eixo pode ser bem tolerado, desde que o compartimento que está a ser mais sobrecarregado tenha um bom menisco e uma cartilagem saudável. Existem outras deformidades noutros planos, nomeadamente deformidades rotacionais, que podem causar alterações da marcha. Estas alterações podem ser dentro da variabilidade individual que todos temos, como a altura ou a cor dos olhos. Não são necessariamente um problema ou uma patologia que precisa ser tratada.
As deformidades do membro inferior podem ser constitucionais (nascemos com elas) ou adquiridas, resultado de fraturas na anca, no joelho ou no tornozelo; lesões na articulação do joelho ou outras no membro inferior; entre outras. É importante avaliar o seu caso em particular para sugerir o tratamento mais apropriado.
Nem todos os doentes com estas alterações precisam corrigir cirurgicamente a sua deformidade. O tratamento tem em conta as queixas do doente ou outro tipo de sintomas que resultem da deformidade, nomeadamente alterações do padrão de marcha.. O mais frequente é existirem queixas com atividades de impacto na zona contrária à da deformidade. Mas pode ainda ser necessária a correção cirúrgica da deformidade por outras causas, como procedimento associado a reconstrução de lesões ligamentares, tratamento de lesões de cartilagem ou meniscais, entre outros.
Uma osteotomia é uma operação que consiste em cortar o osso de forma precisa e controlada para corrigir uma deformidade, de acordo com um planeamento pormenorizado realizado pelo seu cirurgião ortopedista antes da cirurgia. Na região do joelho podem ser realizadas no fémur ou na tíbia ou até nos dois ossos simultaneamente, dependendo do local e gravidade da deformidade.
O mais simples é realizar uma radiografia dos dois membros inferiores completos (em filme extra-longo) e medir os valores específicos dos ângulos do fémur, da tíbia e da articulação. Existem hoje métodos digitais para realizar esta análise que auxiliam o cirurgião. Consoante estes valores será então planeada a sua correção, também de acordo com o problema que está a ser tratado. Para situações mais complexas também pode ser necessário recorrer à realização de uma TAC de forma a obter reconstruções tridimensionais do seu membro inferior e poder fazer um planeamento adequado.
A recuperação varia conforme o procedimento realizado e da extensão da correção (deformidades mais graves exigem correções maiores). Estes procedimentos são personalizados à condição específica de cada doente e por isso não podem ser genericamente comparados. Por norma é previsível a necessidade de marcha com canadianas durante 8 semanas, realizando carga parcial. Durante esse período é necessário realizar fisioterapia para ganho de mobilidade e força muscular. O retorno às atividades com impacto é normalmente por volta dos 4 a 6 meses.