A cartilagem é um tecido com características especiais que reveste o osso na zona da articulação. Ela permite o deslizamento com baixo atrito entre as duas superfícies articulares e tem também alguma capacidade de amortecimento das cargas.
É importante localizar as lesões de cartilagem de modo preciso, não apenas no osso onde ocorrem (fémur, tíbia, rótula) mas sobretudo em que região específica da geometria óssea se situam. Por exemplo, a lesão de cartilagem (condral) pode ter uma abordagem diferente se estiver localizada no côndilo medial do fémur (no lado de dentro) ou na tróclea femoral (sulco onde encaixa a rótula). Estas lesões podem também ser de natureza traumática (acidentes desportivos, fraturas, etc) ou degenerativa (desgaste progressivo da cartilagem). Por outro lado, devem ser classificadas de acordo com a profundidade da lesão visto que essa classificação vai influenciar a decisão do tratamento. É habitualmente utilizada a classificação de Outerbridge (lesão grau 1- amolecimento da cartilagem, grau 2 – lesão de espessura parcial, grau 3 – espessura parcial com fissuras que se estendem ao osso subcondral, grau 4 – lesão da espessura completa da cartilagem com exposição do osso). As lesões de cartilagem podem, a longo prazo e se não tratadas, resultar numa artrose do joelho.
Os sintomas mais frequentes são a dor que se agrava com a carga e aumento do volume articular. Pode também ocorrer a sensação de corpo estranho intra-articular.
Nas lesões condrais de espessura parcial ou de natureza mais degenerativa e difusa, o objetivo do tratamento é travar o agravamento da lesão e controlar os sintomas. Inicialmente a utilização de condroprotetores (glucosamina e condroitina) e da fisioterapia contribuem para o controlo do processo inflamatório e otimizam o envelope muscular. As infiltrações articulares (anti-inflamatórios, viscosuplementação ou fatores de crescimento) são uma ferramenta disponível para doentes que se mantêm sintomáticos. Nas lesões de espessura completa, sobretudo se forem de origem traumática, pode haver benefício no tratamento cirúrgico. Atualmente existem algumas técnicas que permitem a regeneração de lesões condrais localizadas e circunscritas. As técnicas mais utilizadas são as (nano)microfracturas, a mosaicoplastia e o autoenxerto de cartilagem. A recuperação após uma cirurgia à cartilagem é normalmente lenta e compreende um período de 4 a 6 semanas sem fazer carga no membro operado. Nos casos em que a lesão de cartilagem está associada a alterações do alinhamento do membro (varo ou valgo), a correção desse alinhamento (osteotomia) permite abrandar a progressão ou até mesmo, em alguns casos, é possível recuperar alguma espessura da cartilagem.
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